HIV e gestação exigem cuidados específicos, incluindo em relação ao parto e à amamentação, para prevenir a transmissão vertical do vírus
Ainda que o vírus da imunodeficiência humana (HIV) causador da aids não tenha cura, pacientes diagnosticados com essa condição conseguem ter acesso a medicamentos e tratamentos avançados que possibilitam uma melhor qualidade de vida, especialmente se comparada a realidade atual com a de décadas atrás.
Pessoas vivendo com HIV podem engravidar desde que mantenham a carga viral indetectável, situação em que o tratamento reduz a quantidade de vírus no sangue a um nível tão baixo que não pode ser detectado por testes laboratoriais padrão. De qualquer forma, a relação entre HIV e gestação é uma preocupação legítima, uma vez que é natural que os pais se preocupem com a saúde dos filhos.
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Sintomas e diagnóstico do HIV na gravidez
Não é incomum que pacientes descubram HIV e gestação quase ao mesmo tempo. O Ministério da Saúde recomenda que as gestantes realizem o teste anti-HIV logo na primeira consulta de pré-natal. Se o diagnóstico for confirmado até o início do terceiro mês, as chances de sucesso do tratamento aumentam significativamente.
A associação entre HIV e gestação é comum, pois os casos de HIV frequentemente passam despercebidos por um longo tempo, já que os primeiros sintomas da doença são parecidos com os da gripe. Além disso, a mutação do vírus no organismo ocorre ao longo de anos e de forma assintomática. Quando os sintomas se tornam aparentes, os principais são:
- Febre;
- Diarreia;
- Suores noturnos;
- Emagrecimento abrupto e significativo;
- Surgimento de doenças oportunistas devido à baixa imunidade.
Importância do pré-natal
O pré-natal é fundamental para prevenir a transmissão do vírus da mãe para o bebê. Frequentemente, é nesse momento que a gestante se descobre portadora do vírus e precisa iniciar o tratamento, devendo receber também suporte psicológico e emocional. O pré-natal também permite conscientizar sobre HIV e gestação, orientando a mãe sobre os cuidados necessários.
Apesar disso, a taxa de adesão das gestantes aos testes anti-HIV ainda é baixa e pode estar relacionada a limitações no acesso aos testes e à falta de informação sobre a importância do pré-natal. Afinal, medidas de profilaxia são tomadas ainda na gestação, evitando a transmissão do vírus ao bebê.
A testagem para HIV deve ser realizada no início do pré-natal, e repetida no terceiro trimestre e no parto. Além disso, outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como sífilis e hepatite B, que também podem ser transmitidas ao bebê, devem ser testadas.
Nos casos das gestantes que já haviam sido diagnosticadas antes da gravidez, o médico deve ser informado sobre essa condição para realizar o acompanhamento correto, considerando que existem tratamentos e medidas preventivas disponíveis para lidar com a associação entre HIV e gestação.
Transmissão do HIV para o bebê
A gravidez em si não aumenta o risco para a mãe ou para a criança, desde que a carga viral no sangue da mãe seja indetectável. Isso é alcançado através do uso rigoroso de medicamentos antirretrovirais e da manutenção de níveis elevados de CD4, células do sistema imunológico que são atacadas pelo HIV.
Ainda que exista a preocupação entre HIV e gestação, com os cuidados adequados é possível ter uma gravidez saudável e prevenir a transmissão vertical do vírus para o bebê durante a gestação, o parto ou a amamentação. Como o vírus pode ser transmitido através do leite materno, a amamentação não é indicada, ainda que a carga viral esteja negativa.
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Tratamento do HIV durante a gravidez
Uma possibilidade na relação entre HIV e gestação é quando uma gestante sabe que é soropositiva para o HIV e já está em tratamento com antirretrovirais (TARV). Nesse caso, é fundamental que ela continue com as medicações durante toda a gravidez, pois a interrupção pode aumentar o risco de transmissão do HIV para o bebê.
As gestantes que forem diagnosticadas com HIV durante o pré-natal são recomendadas a iniciar imediatamente o tratamento com antirretrovirais e mantê-los durante toda a gestação. O protocolo visa principalmente reduzir a carga viral da mãe a níveis indetectáveis, o que reduz consideravelmente o risco de transmissão do HIV para o bebê.
Efeitos colaterais do tratamento do HIV na gestação
De forma geral, o tratamento do HIV durante a gravidez é seguro e representa a melhor ferramenta de proteção para o bebê. Ainda que não sejam frequentes, existem efeitos colaterais possivelmente associados aos medicamentos, como:
- Resistência à insulina e desenvolvimento de diabetes gestacional;
- Pré-eclâmpsia;
- Malformações congênitas;
- Parto prematuro;
- Recém-nascido com baixo peso.
Acompanhamento após o nascimento
O acompanhamento do bebê em casos de HIV e gestação é fundamental. O bebê deve receber medicamentos antirretrovirais na forma de xarope e ter acompanhamento médico regular, especialmente até que o bebê complete um ano e meio de vida.
Durante esse tempo, o médico verifica o desenvolvimento do bebê e a resposta ao tratamento antirretroviral, ajustando o esquema conforme a necessidade. Em paralelo, é aconselhável evitar a amamentação para prevenir a transmissão do HIV através do leite materno.
Entre em contato e marque sua consulta com o Dr. Marcello Jardim, médico especializado em infecção urinária e infecções sexualmente transmissíveis.
Fontes:
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)